E no seguimento da pergunta de ontem... by Cindy
A pergunta de ontem tinha uma boa razão de ser.
Há cada vez mais mulheres a ocupar cargos de chefia e a liderar áreas normalmente nomeadas como maioritariamente masculinas.
Eu trabalhando na área da construção civil estou em contacto com homens na maioria dos casos, seja enquanto colaboradores, intermediários, empreiteiros ou trabalhadores.
Estou habituada a ir às obras, já me aconteceu ouvir as comuns bocas e depois desfazerem-se em desculpas ao verem que eu era a arquitecta de obra, se as coisas não estão bem é mandar desfazer e calar, que remédio. E já sabem que se me tentam enrolar é muito pior. Ou seja, desengane-se quem acha que eu não sei ser firme. Desde sempre que assumi as minhas responsabilidades e exijo dos outros o que exijo de mim.
E esta semana aconteceu-me uma coisa de tal modo disparatada e inusitada que me fez reflectir na mudança de tempos e de mentalidades que se para nós jovens é entendida de determinada maneira, para as pessoas de uma outra geração é muito mais complicado.
Como eu já aqui disse ando a acompanhar umas obras de remodelação em casa de uma tia. E tem corrido tudo muito bem, o empreiteiro já é meu conhecido, já fiz várias obras com ele, corre tudo às mil maravilhas.
Excepto por um membro da equipa que insiste em ser extremamente arrogante comigo e grosseiro.
E esta semana, pela segunda vez "manda-me"comprar uma torneira. Ah e tal a arquitecta não pode ir comprar a torneira? Mas porque raio é que EU havia de ir comprar a torneira, se isso é serviço da sua competência e é para isso que lhe pagam?
À primeira dei raspanete, à segunda passei-me. Falei-lhe grosso e liguei directamente com o empreiteiro e disse que não estava habituada a ser tratada desta maneira e que já não estava a achar piada nenhuma. Claro que ele pediu imensa desculpa e disse que ia ligar imediatamente.
E não é que o salafrário responde que não está habituado a trabalhar com mulheres a mandar nele? Sim, porque está-se mesmo a ver que ele algum dia se iria virar para um arquitecto ou engenheiro e mandá-lo a ele comprar a torneira.
Depois do raspanete que levou, anda todo simpático, resta saber por quanto tempo. Agora não devo ser a "menina" mas sim a cabra da obra.
Por isso meninas, isto ainda tem muito que rolar para haver igualdade de tratamento.
xoxo
cindy