Balanço dos primeiros quase 30!
Estando eu a dias de entrar nos 30 aninhos, resolvi fazer aqui um ponto de situação dos meus anos até aqui. A vida até hoje ensinou-me algumas coisas, umas boas, outras más, deu-me bons e maus momentos mas continuo a acreditar que somos nós que traçamos o nosso caminho.
Durante a minha infância e adolescência nunca fui uma das "populares". No entanto, nunca senti necessidade de tentar impressionar ninguém. Era aquilo que sou e quem não gostava, paciência. Detestava (e detesto) snobismos e coisas que tal e isso nunca me rendeu amizades, pelo contrário. Nunca me impus a ninguém e nunca persegui amizades por puro interesse. Isto pode parecer um pouco cínico, mas tendo crescido numa das escolas na "in" do Porto, sempre me deu para avaliar o comportamento dos outros pelos valores pelos quais me regia e não pelo volume da conta bancária. Tinha um bom grupo de amigos, alguns dos quais me acompanham até hoje, íamos almoçar, ao cinema, sair à noite! E divertiamo-nos sem excessos e sem confusões.
Chegou a faculdade e com ela os afastamentos naturais da vida. A vida segue, para uns com uns interesses, para outros com outras prioridades. Uns crescem, outros ficam na infância, livres de responsabilidades e sem pressa de serem maiores. Eu não. Nunca vi a faculdade como tempo de lazer, mas sim como um meio para chegar a um fim. Fiz mais amigos, curiosamente quase todos do sexo masculino, e conheci aquele que até hoje se mantém ao meu lado. Tive alturas complicadas e desesperantes, como quando os meus pais se separaram, em que me vi a braços com outras obrigações e responsabilidades. Tinha um rapaz de 11 anos e uma menina de 3 anos agarrada às pernas e eu estava longe durante a semana. Andei em baixo e mais uma vez, tive a sensação de que realmente há pessoas que se regojizam com os momentos menos bons dos outros. Mas outros houve que não me deixaram sozinha. São esses os amigos que eu guardo até hoje.
Depois, arranjei estágio e depois trabalho. Começaram os desafios profissionais e desde aí a constatação que trabalhar no meio do mulherio é muito complicado. Responsabilidades crescentes e algumas mudanças que me fizeram crescer enquanto profissional.
Em dezembro de 2006 eu e o Action Man resolvemos juntar os trapinhos e iniciar uma vida conjunta. Ainda me lembro de quando comuniquei a decisão a uma tia o incentivo dela ter sido: vais abandonar os teus irmãos? Sem comentários. Eles sabem que eu estou lá por eles, sempre estive e sempre estarei. O inicar de uma vida em conjunto é sempre um investimento emocional imenso mas até hoje tem corrido bem, com altos e baixos, claro, como todos os casais. Apesar de sermos um casal somos duas pessoas independentes. Eu não sou dona dele e vice versa. Temos gostos diferentes mas os valores são os mesmos e o segredo está aí. Completamo-nos no bem e contrabalançamo-nos no mal. Eu conheço-o melhor que ninguém e ele a mim.
Este ano tem sido complicado, muitas mudanças, coisas menos boas, como a morte da minha avó, que tanto nos atingiu. Continuo a falar com ela e lembro-me de muita coisa da minha infância na qual ela esteve sempre presente. O sentimento de perda continua mas sei que ela olha por nós e só quer que sejamos felizes. E se havia personificação da boa disposição era ela, por isso sinto que lhe devemos sermos felizes.
Olhando para trás vejo que a vida me deu mais coisas boas que más e por isso estou agradecida. Mas tenho sempre a sensação de que tenho de batalhar muito para chegar onde quero, há sempre um obstáculo. A vida também me trouxe pessoas que têm um lugar especial no meu coração e que não vou nomear porque elas sabem. São elas que sabem sempre quando eu não estou bem, que se preocupam e perguntam. Que não fazem julgamentos de carácter e me conhecem como eu sou. Com elas, sou sempre Eu, não preciso de me conter e retrair. E esses são os verdadeiros amigos. E a verdadeira família.
xoxo
cindy