O tempo passa, mas a dor não... by Cindy
Continuo a pensar em ti todos os dias.
Ainda ontem quando forrava as gavetas do teu antigo aparador. Lembro-me dele na sala e de guardares os livros nas gavetas e os remédios. Dá-me um aperto enorme saber que não estarás mais ali qando for lá a casa. Sentada na cadeira a ler a revista ou o jornal ou então a torceres pelo FCPorto.
Lembro-me dos xis apertados e de pensar que estarias sempre ali. Afinal de contas 90 anos, quase 91, são muitos anos. E estavas tão bem...
Lembro-me de a tia dizer que achava que os 90 anos eram o teu último aniversário e de eu ter dito, "Ó tia não agoires". Mas também sei que eu e a Bárbara ultimamente não falávamos de outra coisa. O sexto sentido é lixado...
O bolo dos 91 anos comemo-lo nós, depois da meia noite em jeito de homenagem. O pai foi comprar o bolo e sentiu-se mal. Eu "esqueci-me" de te entregar o livro no Natal e pensei, fica de prenda de anos. Nunca to cheguei a dar. Mas já o li e guardei. Está na minha mesinha de cabeceira... bem guardadinho.
E sempre que me lembro só me apetece chorar. Depois penso que tenho de estar "boa" e que gostarias de nos ver felizes. E tento fazer-te a vontade mas não é fácil...