Há coisas que me tiram do sério...
E uma delas são pessoas fundamentalistas. Daquelas que acham que é tudo preto ou branco e se esquecem dos tons de cinzento pelo meio, que acham que têm sempre razão e que não perdem oportunidade de impôr a sua vontade aos outros.
Já aqui falei da amamentação e perdoem-me as leitoras por voltar a tocar neste assunto que pode não ser tão interessante para elas mas sinto que preciso de voltar a falar sobre isto, principalmente depois das barbaridades que tenho lido escritas a modo de comentário ao post da Pipoca sobre ter decidido não amamentar. Porque é egoísmo, blá blá blá, só se preocupa com a estética, blá blá blá, o leitinho da mama é o melhor que há, blá blá blá, foi aconselhada por médicos ignorantes, blá lá blá. Que filme, parece uma batalha campal. De um lado a seita da amamentação, do outro, as pessoas normais.
Antes de mais, cabe à mulher, à mãe decidir se quer amamentar ou não o seu bébé. Ponto final. Não cabe ao pai, à avó, à enfermeira, ao médico, ao vizinho e ao piriquito. CABE À MÃE. Se é o melhor para o bébé? É. Mas a mulher tem a opção de escolha. Seja porque motivos for, tem o direito de escolha.
A amamentação pode ser complicada. Eu queria muito amamentar, não o fazer nem me passava pela cabeça. Ao início tive dificuldades, ela não pegava bem, viemos para casa e foi complicado de acertar com a pega. Depois fiz uma mastite com a subida do leite. Podia ter desistido mas tive muita força de vontade e passadas umas duas semanas do parto já estava pro no assunto. Mas foi complicado, torno a repetir. Felizmente a Pinypon sempre engordou muito bem e por isso nunca levei com a história do leite fraco e do suplemento. Mas conheço tantos casos em que logo depois do parto enfiaram o biberão de suplemento pelas goelas abaixo do bébé e claro está a amamentação ficou logo comprometida.
Há bébés mais complicados, aqueles que querem mamar noite fora, que fazem da mama chucha, que acordam de hora a hora e só sossegam com a mamoca. Felizmente a Pinypon nunca foi assim, porque se fosse eu teria desistido. Porque o descanso também é importante e convenhamos que meses de noites mal dormidas não fazem bem a ninguém. No outro dia pergunta-me a minha rica sogrinha " mas ainda tens leite ou é só miminho?". Claro que tenho leite, isto não é nenhuma chupeta ambulante. Claro que é um conforto para ela mas é sobretudo alimento.
A Pinypon ainda mama de manhã e antes de dormir. Ando a ver se se habitua ao leite de vaca mas está complicado porque ela nem sequer sabe para que serve o biberão. Mas como já bebe iogurtes líquidos pela palhinha, vamos a ver se o leite vai pelo mesmo caminho. Não me sinto obrigada a fazer o desmame mas acho que chegou a hora. O pediatra pôs-me à vontade, não impôs ideias nem opiniões, já não posso dizer o mesmo da médica do CS que me atirou com um " mama depois do ano é mimo". No mesmo CS onde há uma equipa fantástica de apoio ao aleitamento materno.
A OMS recomenda a amamentação até aos 2 anos mas eu acho que me fico por aqui. Não imagino andar até aos 2 anos de mamocas ao léu. E diga-se de passagem que as recomendações da OMS se dirigem sobretudo para os países pobres, com taxas de mortalidade infantil elevadas e em que a amamentação é o único alimento de muitas crianças.
Ah e tenho a dizer que caso não estivesse eu desempregada e decerto não estaria ainda a amamentar nem a amamentação teria durado tanto tempo. Porque eu nunca consegui tirar leite com a bomba, ficava sempre com o peito encaroçado e lá está, não ia andar constantemente com dores para continuar com a amamentação. Porque aí deixaria de ser um prazer e passaria a ser uma obrigação. Como uma amiga minha que na primeira filha passou por um stress imenso porque a miuda não mamava em condições e tinha toda a gente à volta a insistir com ela, a sogra a zucrinar-lhe a cabeça e ela num estado deplorável, desistiu. Agora no segundo, tudo correu pelo melhor, com mais calma e menos intromissão.
Sabem uma coisa? Acho que nós mulheres conseguimos ser muito mázinhas umas para as outras...
xoxo
cindy